Alécio Pereira de Souza
The horror the horror ou o apocalipse agora
Eu iniciaria assim senta que lá vem análise sintática. Mas todavia não. Poupá-los-ei. Análise sintática é coisa muito chata pesada mesmo né. Ninguém tá a fim desse papo de sujeito, predicado, voz ativa, núcleo verbal, adjuntos blah blah blah.
Limitar-me-ei, então, a dizer que os exemplos abaixo dizem menos sobre os sujeitos das respectivas ações e mais sobre a sociedade em que vivemos. Sim. Estamos cansados de violência. Sim. Bem-vindos.
A violência não é só uma notícia da periferia. Acorda classe média. Há violência lá fora batendo no portão e há violência já no vão de escada. Aqui dentro.
No meio de nós. Em verdade em verdade vos digo que, quando a enchente cobre toda a planície costeira, é porque de há muito começou a chover na serra. A questão não é o que a imagem mostra, mas ter olhos para ver antes e além do que a imagem mostra. Até porque, se basta o que a imagem mostra, vamos fechar o boteco.
Ficar zapeando imagens até a eternidade numa dose over de gozo insensatez morbidez abismo após abismo. Não não basta mostrar. É preciso dizer a palavra. Se agora vemos the horror the horror ensanguentar o chão desse nosso centro sempre tão pacato e higiênico, é porque de há muito chove sangue na periferia. Ninguém viu.
As imagens não mostram o que fica à margem do "kapital".
Acorda classe média.
Convém, às vezes, seguir o conselho do poeta. Chame o ladrão. Eu não quero saber o que 71% dos torresmos fizeram no verão, digo eleição passada. Mas todavia soa no mínimo incongruente fazer passeata pacífica agora e depois votar no fuzil.
Falei. Que fale o povo👇🏿


Alécio Pereira de Souza
Nasceu no século passado. É bacharel em Direito. Especialista em Ciências Penais. Analista do Ministério Público da União. Ex-advogado. Ex-servidor municipal de Torres/RS. Vacinado. Circula sempre com PFF2