Alécio Pereira de Souza
Acorda amor ou quê fazer quando o fascismo bate no portão?
Atualizado: 18 de ago. de 2021
Nota a propósito da prisão de Roberto Jefferson.
Por Alécio Pereira.
O fascismo sempre desperta os instintos mais primitivos.
Nada como, em horas bien tempranas duma sexta-feira 13 de agosto, o cumprimento de um decreto de prisão na era do espetáculo perpétuo para nos lembrar que o artífice daquela falcatrua semiótica midiaticamente denominada "mensalão" ainda existe.
Sim. Ainda existe, vive e conspira.
Lugar de fascista é no lixo da História. Deveria ser, se o Brasil não fosse o que é e o que se tornou sob o horror governante.
Eu acho que o alvoroço em torno da prisão desse jefferson (figura minúscula de nossa República privatizada) e, antes dele, as prisões de Daniel Silveira e outras figurinhas igualmente minúsculas, não deveria se centrar tanto na aplicabilidade da lei de segurança nacional (esse zumbi da ditadura), nem sequer no preenchimento dos requisitos para a decretação da prisão preventiva (que eu acho que estão presentes no caso).

A mim parece, e tão somente me parece, tratar-se de um caso sintomático do desarranjo institucional da democracia brasileira.
Ora. O Supremo sob ataque e a Procuradoria Geral da República, detentora do monopólio constitucional da propositura da denúncia pública neste caso, não age.
Nesta sinuca de bico, o órgão agente não age e o órgão judicial, inerte por imperativo constitucional, instaura uma investigação como medida de defesa legítima diante de ataques perpetrados por apoiadores de plantão do atual governo.
"As instituições estão funcionando", disse Barroso, lavajateiro de carteira assinada. Com instituições funcionando, o fascismo não tem direito sequer de usar microfone (right of speech), muito menos ocupar posições de poder.
Vamos falar sério? As instituições estão de joelhos. Ocupadas em cuidar do varejo de miudezas. Enquanto isso, o atacado das grandes coisas, nossa soberania, nosso subsolo marítimo, nosso futuro, nossa "saúdeducação", tudo leiloado na bacia das almas do "kapital" internacional, que, todos sabem, não pratica corrupção (sqn).
Por isso, pergunto:
Que horas são?
A tantas horas do Golpe midiático judiciário parlamentar de 2016, será com encarceramento preventivo de deputados bombadões e jeffersons de araque que vamos resgatar a democracia brasileira do atoleiro em que se encontra?
Acorda amor.
Alécio Pereira de Souza
Nasceu no século passado. É bacharel em Direito. Especialista em Ciências Penais. Analista do Ministério Público da União. Ex-advogado. Ex-servidor municipal de Torres/RS. Vacinado. Circula sempre com PFF2